Papo de Bailarina: Dança do Ventre uma Dança só para Mulheres




Na semana passada não escrevi, me permiti apenas viver a experiência incrível de ser avó pela primeira vez. Quando peguei minha neta no colo fui tomada por emoção tão intensa, senti meu corpo inteiro tremer, meu coração disparado, não tinha palavras em minha mente pra expressar aquele momento. Ali estava o futuro, o inicio de infinitas possibilidades, um ser pronto para receber tudo e nada ao mesmo tempo. Toda a vida dessa pequena criança depende do que nós ofertarmos ou não a ela, amor, liberdade, cuidado. ou nada. Todo o futuro dela esta em mim, no meu filho, na minha nora e no que nós estamos dispostos a lhe dar.

Vi em meus braços a pequena Aurora bailarina e muitas pessoas comentaram será uma linda bailarina, e pensei se ela quiser lutar boxe? Como que nós avós, pais e tios faremos para que Aurora seja o que ela quiser?

Acredito que cada um de nós, seres humanos, somos a somatória de tudo o que recebemos, experimentamos e vivemos. Sempre me pergunto quanto de mim é realmente meu, quanto de mim é apenas repetição de conceitos. Quantas ideias são colocadas em minha mente massivamente para me controlar sem que eu perceba, quantos atos inconsciente temos todos os dias pela simples repetição de conceitos que nem sabemos de onde vieram. 

Quando comecei a praticar a Dança do Ventre o que mais se falava era que a Dança do Ventre é uma Dança feminina. Muitos ainda reproduzem essa fala talvez pela crença que a palavra ventre vem de ventre materno ou na exaltação ao feminino que teve origem quando a Dança do Ventre passou a ser promovida pelo pessoal que gosta de um estilo de vida Good Vibes, e confesso que me simpatizo com este grupo. 

Porém quando repito a Dança do Ventre é uma dança Feminina, não tenho noção de quantos conceitos excludentes estou repetindo, quantos conceitos de dominação despejo sobre o outro. Ao falar que a Dança é só para mulheres excluo os homens do prazer de viver seus corpos numa arte tão magnifica. A cada não que reproduzo seja para mim ou para o outro é uma oportunidade que deixo de viver e crescer. 

Hoje depois de quase 30 anos de Dança, estudando e pensando sobre sua prática, acredito que a Dança do Ventre é democrática, que homens e mulheres podem dançar da forma que quiserem, cada corpo realiza a Dança de Forma diferente e a cada tentativa de padronização, a Dança verdadeira é mutilada, castrada de sua real potencialidade. Na Dança, na Arte e em várias outros áreas podemos facilmente com um pouco de estudo rever conceitos, mas e na vida? 

Em cada época a sociedade sutilmente impõe demandas que compramos sem pensar, que nos esvaziam de nos mesmo nos ajustando a massa domesticada.  Talvez essa reflexão não leve a nada, talvez sejam ideias soltas de uma bailarina que viveu muito, que viu a Dança se transformar diante de seus olhos, que gosta de pensar, que gosta de observar. Que acredita que Dançar é algo simples e intrínseco no ser humano, mas ao mesmo tempo complexo que vai muito além de fazer movimentos, que o ato de Dançar quando compreendido é a chave de libertação da mente, pois como dizem os Yogues corpo livre, mente liberta. E é essa liberdade de Ser e Fazer que desejo para a pequena Aurora e para todos nós.


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