Papo de Bailarina: Dança do Ventre Sagrada e Profana

Priscila Genaro em a Deusa em Mim.

Faz uns 20 anos que eu li o livro "O Mundo de Sofia", foi uma leitura tão marcante que muitos trechos ainda ecoam em minha mente transformando lentamente minha forma de ver o mundo. Entre as tantas questões do livro uma que sempre se repete é "qual a diferença entre nós seres humanos e os demais animais?" No livro o autor responde dizendo que é a consciência de si, mas podemos desdobrar esta consciência em muitos outros aspectos. Partindo do pressuposto que eu sei quem sou. eu posso definir o que quero, o que gosto, o que sinto, o que busco. 

Somente quando olho pra mim, me percebo como um ser autônomo e responsável pela minha vida, não somente no aspecto financeiro, mas em todos os aspectos do ser humano. Saberei viver a diferença entre Eu e os demais seres vivos. Agora você está me perguntando o que isso tem a ver com a Dança do Ventre?

Quando danço abro possibilidades de me perceber no mundo, mesmo que seja no mundo pequeno de minha sala de dança. Me percebo no espaço, no tempo, percebo meus músculos e ossos. Percebo meu gosto musical, minhas facilidades e dificuldades. Tomo consciência deste Eu denso que é meu corpo que me leva lentamente a perceber meu Eu mental, emocionalmente e muitos outros "Eus" que existem neste caleidoscópio humano que sou.

Porém isso só acontece se me permitir me entregar à dança interna, quando busco dentro de mim a Dança que quero fora de mim. Quando faço uma coreografia, ou realizo um movimento copiando a professora ou uma outra bailarina que admiro realizo uma dança fora, que não é minha. Isso também ocorre quando me preocupo com o certo e errado, com o que vão pensar da minha dança, se vou ser classificada neste ou naquele concurso ou seleção. Estas danças são danças externas. São erradas? Não, é apenas a dança comum que existe em todo lugar.

Mas quando quero uma dança Curativa, Sagrada, a Dança que irá trazer a transformação que muitas vezes busco sem saber, mas com certeza todo mundo deseja encontrar. Essa Dança



só acontece quando tudo em volta não existe mais, quando o som, o ar, meu corpo e os meus movimentos se tornam únicos, não existe mais a tensão, o medo, a insegurança, só existe o sentimento vivido sem julgamento, sem expectativa.

Mas como fazer isso se tenho que marcar a música, fazer o oito totalmente horizontal, deixar os joelhos relaxados a postura alinhada... Posso fazer tudo isso treinando meu corpo e minha mente. Meu corpo para ter habilidade e minha mente para aceitar esta habilidade, aceitar que sou diferente do outro, que meu movimento é diferente e que minha leitura musical também pode e deve ser diferente. Aceitar que sou única e perfeita assim como sou.

Para viver a Dança Sagrada tenho que aceitar minhas diferenças e minhas falhas e perceber que tudo na vida é processo. Hoje sou assim e com certeza amanhã serei melhor, porque busco Ser e quero Ser.


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