Papo de Bailarina: Uma Herança Dançante 

 Às vezes precisamos parar e pensar sobre o que estamos fazendo em nossas vidas, eu tive diversos momentos assim, alguns bem curtos, apenas algumas horas de um dia mais difícil onde caminhei, assisti um filme besteirol, tomei lentamente um chá vendo o pôr do sol pela sacada, ou apenas dormi mais que de costume. Também tive longas paradas como quando fiquei um ano e meio longe da Dança. Essa semana tive muita vontade de parar, de apenas dormir, de não fazer nada, por diversos momentos chorei, estava dolorida, com medo.  Senti medo do futuro, do que está por vir, da dor que se apresenta, avisando que está chegando. 


Uma vez na terapia a psicóloga disse que quando choramos uma dor, o choro não é apenas por esta dor, mas por todas as dores que passamos por toda nossa vida, talvez seja verdade.  Essa semana lembrei do meu pai, da minha avó, tive até uma visão dela andando numa rua florida com casas coloridas toda leve e feliz. Lembrei de todas as dores de amor que vivi. 

Foi uma semana de cura, de arrancar as cascas das feridas para que o remédio agisse mais fundo. E isso dói.  Me esforcei para perdoá-los, perdoar por terem ido embora, me esforcei para me perdoar por não deixá-los ir com serenidade e sabedoria como eu acredito que deveria. 

Pensei sobre o meu futuro, como o estou construindo, o que posso fazer para seja de amor, de liberdade, de alegria. Como posso fazer do  presente um caminho para que quando for, que eu vá leve e feliz, sabendo que fiz e vivi tudo que desejei e que deveria viver. 

E ontem eu tive a resposta. Ontem vi a Aurora Dançando, vi a alegria dela em viver a Dança naquele momento, tão pequena, tão verdadeira, plena, com seus movimentos de criança sem bloqueios, uma Dança pura e livre. Fiquei grata, e a gratidão superou meu medo, pois meu futuro já é feliz. Minha herança já se faz presente. Não só na Autora, mas em todos os meus alunos e alunas, todos que acreditam em mim, acreditam que o Dançar faz a diferença em sua vidas,  todos que Dançam comigo  este improviso eterno que é o viver. 

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