Papo de Bailarina - Viver e Dançar é só Começar
Uma vez na aula de Yoga meu professor explicava sobre como meditar, comentei que a entrega e a tranquilidade da mente que ele descrevia eu sentia também enquanto dançava e me respondeu que então eu meditava com os movimentos da Dança.
Na época fiquei pensando se realmente era possível, e atualmente tenho certeza que sim, a Dança quando realizada em forma de entrega pode proporcionar os mesmos efeitos que a meditação. Como o encontro e o fortalecimento do Eu, entre muitos outros benefícios físicos e mentais que já conhecemos.
Mas hoje quero falar sobre o que é este fortalecimento, deste Eu que tanto buscamos. Ou melhor dizendo que eu tanto busco. Desde os meus 12 anos me pergunto sobre quem eu Sou. e por que Sou? E hoje prestes a completar 50 anos, cheguei a conclusão que não Sou, não Sou Priscila, não Sou bailarina, não Sou professora e que a melhor coisa é não ser.
Quando não sou, me permito estar Sendo, então posso mudar, posso fazer diferente. Posso quebrar as barreiras, as regras e Ser o que quero Ser, sem me importar, com o outro que É ou que querem que eu seja. Meu Eu está forte não precisa de modelo ou de aprovação. Não precisa mais que lhe digam "sim, está bom". Meu Eu sabe que está ótimo, pois ele também sabe que treinei, estudei e entendi.
Eu não preciso Dançar igual, com a roupa "certa" ou da moda, com a cor que combina, não preciso contar um, dois, três, quatro, pois meu corpo sabe quais os movimentos que ele já treinou, que a mente compreendeu e que minha alma sente e que os três harmonicamente querem Dançar no dia de hoje.
Meu corpo preparado, minha mente relaxada e minha alma desperta sabem juntos quais movimentos que melhor expressam as emoções que a música me causa. Este Sou Eu forte, a trindade em harmonia, sem cobranças, sem competições, sem exibicionismos. Apenas a expressão em forma de Dança.
Meu cérebro pensante, racional e cheio regras descansa, abre caminho para o meu Eu dançante deixando-o fazer aquilo que ele sabe, que sempre soube. Com a certeza que se amanhã precisar ele pode mudar e fazer diferente, pois assim é a Vida, cada dia um novo dia, um novo passo, uma nova Dança. Meu Eu forte está aberto ao desafio daquela música supostamente difícil, pois entende que a dificuldade não existe, é apenas uma transição para uma nova fase. Meu Eu forte é aberto para todas as novas fases que virão, sem medo, pois sabe que Dançar é como Viver, basta abrir os braços e se permitir.
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