Estudo da Música Árabe 4 - Amar 14

"Incorporar o som, em vez de deixa-lo"
Edward Said em Paralelos e Paradoxos p. 99

Como já foi dito em outras postagens neste blog, dançar é transformar o som em imagens e emoções, e isso requer estudo e treino.

Assim sempre proponho aqui nas aulas de Dança do Ventre que ministro no FIDES o estudo de alguma música, identificamos as diversas camadas melódicas e rítmicas, sua textura, tempo e forma. O que facilita na hora de elaborar uma coreografia ou dançar num improviso.

Na live que fiz para o Projeto Happy Hour de Dança do Ventre, que este ano está acontecendo exclusivamente pelo Instagram   às 20 horas todas as sextas-feiras, falei sobre a música Amar 14.

Uma música que tem uma estrutura simples, mas ao mesmo tempo difícil de dançar.  Amar 14 está no álbum "A essência do Rask Sharki organizado pela bailarina Jalilah com o músico Mokhtar Al Said e o Derbakista Khamis Henrish, algumas composições do álbum são de própria autoria e outras de diversos compositores como a Amar 14 que foi composta por Mohamed Abdel Wahab, renomado compositor egípcio. 

Segue o link do spotify do álbum desta versão estudada: link no spotify  
E o link do deezer da versão original de Mohamed Abdel Wahab:

As duas versões são excelentes pra dançar e treinar as percepções das texturas e as diversas possibilidades de humor na interpretação e composição coreográfica.

Analise da música Amar 14:

Tempo: 4/4
Forma: AB
Textura: Orquestra Árabe completa
Modo Rítmico: Maqsum, Masmud Sahir, Malfuf

Características marcantes da música Amar 14:

A introdução desta música se divide em 4 partes, uma primeira parte lenta bem tradicional, já a segunda apresenta as características de um taksim, mas só é possível ter certeza se pegarmos a partitura ou assistirmos ao vivo, estas 2 partes eu chamo de apresentação dos músicos. Só na  terceira que vem a chamada da bailarina, depois disto entra uma escala suave que vejo como a introdução da música em si. 

Este começo é bem rico e apesar da chamada da bailarina ser bem marcante, eu gosto de entrar antes para dançar o Taksim. É um gosto pessoal que me permito, se eu dançar em um concurso talvez não faça assim, pois um jurado pode achar que não identifiquei a chamada.

Quando a música começa é difícil perceber o modo rítmico devido ao grande preenchimento da percussão, mas o sack está bem perceptível o que facilita na hora de marcar as passagens. Embora a melodia é suave a base percussiva é intensa o que pede uma movimentação igualmente intensa de quadril, porém não dá pra ignorar a melodia que se repete ao londo de toda música. O que dificulta o trabalho de bailarinos iniciantes, mas vale a pena treinar e pegar estas variações tão diferentes.

O primeiro tema melódico aparece no começo e no meio e o segundo se repete com diversas texturas, inclusive no derbak, que não está improvisando está repetindo a melodia, embora ele não é um instrumento melódico, o que deixa esta música mais fascinante.

No texto anterior dou umas dicas de como estudar uma música, que vale para esta também.  Só clicar aqui para ler

Agora você deve estar me perguntando:Eu preciso perceber tudo isso para poder dançar?

Sim e não!

Sim, se deseja realizar uma dança rica e diversificada. Se quer ter seu próprio estilo e ser autentico no palco e ter plena consciência do que está fazendo.

Não, se quer apenas curtir o momento ou dançar igual sua bailarina preferida, aí é só imitá-la.

Enfim, dançar não requer nada, apenas o desejo. Mas ser profissional requer muito estudo, como diz Roger Garaudy o bailarino deve ser detentor de uma grande cultura.

Segue o vídeo de um dos meus momentos de estudo prático:



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