Ritmos Populares na Dança do Ventre

 


Praticar a Dança do Ventre também é escutar. E quando falamos de ritmos populares, falamos de algo que pulsa no coração das pessoas antes mesmo de estar escrito em partituras. São batidas que atravessam gerações, aprendidas no convívio, na vida cotidiana, assim como o samba aqui no Brasil nasce nas rodas de amigos, no violão do avô, no pandeiro do tio.

No Egito, acontece o mesmo: os ritmos brotam da vida simples, das festas, das reuniões em família. Por isso, chamamos de populares: porque pertencem a todos, não a um grupo seleto de músicos.

E entre tantos ritmos, três se tornaram íntimos da nossa dança, quase como irmãos que andam de mãos dadas:

  • Baladi – denso, íntimo, raiz da música egípcia. É aquele que nos convida a dançar com o coração perto da terra.

  • Saidi – vibrante e folclórico, vem do Alto Egito. É alegria que pede força, às vezes acompanhada de bastão.

  • Maqsum – versátil e moderno, que circula entre o popular e o sofisticado, encaixando-se em muitos contextos.

Apesar dos nomes diferentes, todos compartilham a mesma base de quatro tempos. O que muda é o detalhe da batida, a posição do dum (grave) e do tak (agudo). Essa simplicidade é também sua beleza: em poucos sons, se abre um universo de interpretações.

E aqui está a mágica: a música árabe não é linear como a ocidental, que segue a régua de Bach e sua afinação exata. Ela é circular, modal, como um bordado sem começo nem fim. O som não corre em linha reta, ele gira, envolve, faz a bailarina sentir que Dança dentro de um círculo sonoro.

Os instrumentos também dão vida a essa experiência: o derbake com seus graves marcantes, o pandeiro que inverte as vozes do som, e as sagat, címbalos que brilham nas mãos da bailarina, costurando os tempos com delicadeza.

E por que tudo isso importa para nós, bailarinas? Porque compreender a música é ganhar liberdade. Não é só “seguir a música”, mas dialogar com ela. É dançar sabendo onde o som repousa e onde ele explode, trazendo naturalidade no improviso e alma à nossa arte.

Experimente: ao ouvir uma música, conte em voz alta 1, 2, 3, 4. Quase sempre o dum estará no primeiro tempo. Deixe que o seu corpo descubra como responder a esse chamado.

A Dança do Ventre começa aqui: no encontro entre som, corpo e coração.


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A Dança do Ventre Perfeita para todas a idades, todos os corpos e todas as peles:








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