A Dança Balladi

Adoro contar a história de como me apaixonei pela Dança do Ventre, eu nunca tinha visto e nem sabia o que era, foi na minha primeira aula  que me encantei, a imagem da professora até hoje brilha em minha mente, ela era sublime, seus movimentos eram suaves, parecia que flutuava.

E foi com esta referencia que iniciei meus estudos, uma dança leve, suave, na meia ponta alta, braços ondulantes, uma Dança do Ventre das Deusas. 

Como toda paixão você quer mais, quer tudo, então comecei a pesquisar e buscar. Na época não era tão fácil como hoje, não tínhamos a internet e qualquer achado era relíquia. Certa vez uma amiga fez para mim uma cópia de uma fita VHS com shows da Fifi Abdou, Mona Said, Amani, Najua Fouad e algumas outras que não me lembro o nome agora. 

Foi difícil eu treinar o meu olhar pra gostar da Dança "deselegante" da Fifi Abdou, as vezes eu pulava as partes em que ela aparecia e fixei meus estudos na Amani que apresentava uma Dança do Ventre com boa base de ballet clássico.

Minha mente ocidental não conseguia ver a beleza da Dança Natural, a Dança do Ventre em sua raiz, sem meia ponta, sem giros grandiosos e toda aquela movimentação verticalizada do ballet que eu acreditava ser mais bonito.

Depois de mais de vinte anos de estudo, hoje adoro ver a Fifi, me permito chamá-la assim, pois virou minha Mestra.

Essa Dança natural e espontânea  que eu estranhei é a Dança Balladi, uma ginga, um swing, uma movimentação única, que só pode ser chamanda de balladi. As vezes me pergunto, a música balladi representa essa malemolência em sua composição ou o corpo do povo balladi se move ao sabor da musicalidade egípcia.

A palavra balladi se refere a tudo que é egípcio, que é nativo deste povo. A Dança balladi tem um peso na movimentação que é impossível reproduzir, somente um balladi se movimenta de forma Balladi.

É comum nas mídias sociais assistirmos vídeos de bailarinas de diversos lugares do mundo com títulos minha dança balladi. Porém não é. A dança Balladi só pode ser realizada pela mulher nativa. O termo "Bin el Balladi", é uma expressão para dizer que aquilo é o melhor daquela terra é o melhor do Egito. Assim só podemos concluir que a Dança Balladi é a dança egípcia realizada pelo egípcio

Então não podemos colocar nossa túnica linda e  Dançar um balladi?

Não, não pode! Hum... Sim, pode!

Sim e não, é a resposta certa.

Não, não pode se você simplesmente vestir uma túnica porque é bonita, esconde sua barriga, você se sente mais a vontade que com o traje de duas peças e sair pulando, fazendo movimentos desengonçados, sujos imitando gestos que não sabe o que significa em qualquer música popular.

Um exemplo disso: Recentemente assisti um vídeo do youtube de uma competição de dança de salão num canal estrangeiro, o casal tinha que dançar um samba. Não sou especialista em samba, mas o pouco que sei logo percebi que o casal pesquisou, mas não compreendeu o que é um samba, apresentou uma mistura de salsa com algo que lembrava levemente o samba, na música do grupo de Axé "É o tcham". Eles pesquisaram mas não compreenderam.

Sem uma compreensão aprofundada do que se está realizando podemos cair no esvaziamento cultural.

O que isso significa? Que se pegarmos a Dança Balladi que faz parte de uma cultura, retirarmos os elementos que a justificam, retirarmos sua natureza simbólica. Ela perde totalmente a sua origem e verdade. E esta dança passa a ser qualquer coisa menos balladi.

Sim, você pode vestir uma túnica e dançar, se sabe o que está fazendo, compreende o contexto da dança, a melhor música dentro deste contexto e o mais importante não realizar gestos pessoais de bailarinas nativas. Cada Bailarina tem seu gestual típico, que é interessante percebe-lo mas não imitá-lo. 

Se você busca a sua movimentação natural, dentro de um estudo da Dança Balladi, ciente que sua dança é a representação de uma cultura legítima, viva e a respeita. Está no caminho certo. 

A Dança do Ventre é uma dança livre de fronteiras porém esbarra na cultura de onde se fixou e se promoveu. Ela se perpetua por toda história da humanidade por sua natureza livre, que permite diversas composições e fusões.

A túnica é o traje tradicional da cultura egípcia, ao paço que a traje de duas peças, top e cinturão, nem faz parte desta cultura,   não passa de uma versão estilizada para o palco das roupas que as Gawazes usavam, que foi difundido quando a Dança foi para os palcos dos cafés e Bares na década de 20 e 30 do século passado, foi estilizada para agradar o olhar do turista, que até hoje faz parte do pilar econômico deste pais. Com o passar dos anos a Dança e os trajes foram se alterando e se ajustando ao público. Na década de 80 outras bailarinas como a Dina novamente inovaram usando roupas curtas sem bordados e recortes diferentes dos criados pelas bailarinas da era Gold. Assim cada época foi surgindo um novo traje.  

Fifi Abdo tem os shows mais diversificados do mundo da Dança do Ventre ela leva para o palco desde músicas e danças folclóricas até grupos de hip hop, é uma das bailarinas que se apresenta nos shows com túnicas do cotidiano da mulher egípcia e isso foi virando moda. Ela mesma comentou certa vez "bailarinas nativas realizam a verdadeira dança do ventre o restante são imitadoras". Essa afirmação é questionável, mas infelizmente se analisarmos a quantidade de bailarinos que simplesmente fazem igual sem a preocupação com o que e o porquê está fazendo, ela tem razão.

Concluindo esta análise reflexiva, a Dança Baladi é a dança do povo egípcio realizada pelo povo egípcio  com sua movimentação natural, sua malemolência única construída pela história de vida e ambiente vivido. E a nós bailarinos estrangeiros cabe-nos o respeito e o estudo para compreendermos os processos que a fizeram ser como é. No palco devemos saber que a representação que estamos realizando tem sua origem e e estrutura justificadas e qualquer coisa fora desto não é a representação da Dança Balladi.


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