Qual imagem nós bailarinas e bailarinos de Dança do Ventre queremos passar?





Acredito que quase todos os bailarinos e bailarinas quando falam que dançam a Dança do Ventre  recebem uma interjeição como resposta, um Oh! ou um olhar surpreso é o mínimo que expressam, neste momento sempre me pergunto: Qual é a imagem projetada na mente da pessoa que ouve esta frase?  "Eu sou bailarina de Dança do Ventre".  Levantei algumas hipóteses:


As mulheres que não praticam, logo imaginam o quanto você é sedutora, tendo todos os homens aos seus pés, procuram rapidamente esconder seus maridos;


As iniciantes na dança pensam no glamour dos palcos, a imagem da bailarina Pop Star;

As que iniciaram o caminho da profissionalização, nas horas de treino e estudo;


Aquelas que gostam da Dança, mas nunca se atreveram ficam excitadas em ter uma amiga que dança e querem falar pra todo mundo;

Os homens imaginam... Melhor nem dizer o que imaginam.

Mas qual imagem que nós bailarinas e bailarinos queremos passar?

A dança  do Ventre possui um peso histórico, por onde passou deixou sua marca de entrega na fé, de resistência, subsistência, na cultura, na arte, na economia e nas relações sociais. Até hoje é amada e repudia porque foi forjada inicialmente no expressar do corpo e da mente livre depois imortalizada nos cabarés e difundida comercialmente pelo mundo. Assim a apresentação de uma bailarina ou bailarino é sempre seguida de palavras de surpresa, admiração, repúdio tudo junto, mas ninguém fica indiferente.


Várias bailarinas como eu  possuem duas profissões. Muitas publicam dois perfis nas mídias sociais, como se fossem duas pessoas, uma de bailarina outra de uma pessoa "comum", como se fizessem algo de errado, escondendo sua arte pra não causar polemica e até constrangimento no outro local de trabalho. Não critico, fiz isso por muitos anos, hoje sou Una sem dicotomias profissionais, a maturidade do tempo me fez assumir quem sou de verdade.


Quando comecei a dançar existiam tão poucas bailarinas profissionais que era quase um clubinho que se apresentava para um público especifico e exótico. Hoje existem tantas bailarinas, são tantos os locais que apresentam dança do ventre e oferecem aulas, tantos termos específico e tantas regras, que as vezes penso  que haverá um fiscal em cada show para saber se você respeitou este ou aquele estilo e aplicará multa se sua dança não se enquadrar em nada que seja "padrão".


Apesar de todo este protocolo ainda permanece o estereótipo de dança sedutora e exótica. E ainda pergunto que imagem nós bailarinos e bailarinas queremos passar ao pisar no palco, ao entrar e sair dos locais de eventos e nas mídias sociais?


Só sei que se eu soubesse um décimo do que sei hoje quando comecei com certeza minha carreira teria tomado outro caminho, pois o conhecimento liberta e me sinto livre para fazer a Dança que eu quiser do jeito que sou, sem dicotomias, estereótipos e pré-conceitos. 



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