POTENCIAL FERRAMENTA TERAPÊUTICA EM DIÁLOGO COM O SAGRADO E O PROFANO por Claudia Moscardi

Trabalho realizado por Claudia Moscardi para a conclusão do Módulo Fundamentos da Dança do Ventre do Curso de Formação e Capacitação em Dança do Ventre oferecido por FIDES Centro de Cultura Lazer e Saúde ministrado por Priscila Genaro

DANÇA DO VENTRE: POTENCIAL FERRAMENTA TERAPÊUTICA EM DIÁLOGO COM O SAGRADO E O PROFANO.

INTRODUÇÃO

Envolta em uma aura de mistério, beleza, magia e, por vezes, lasciva e até vulgarizada, a Dança do Ventre é uma expressão artística que, como apontam registros pré-históricos, está presente em nossa vida desde os primórdios da humanidade.

Oriunda de milênios é válido afirmar que esteve relacionada a rituais sagrados, já que o homem antigo tinha uma ligação profunda com o divino. Contudo é impossível negar sua relação com o corpo e os prazeres da vida extra templos. Remetendo assim, a Dança do Ventre a uma dualidade, o sagrado e o profano, mas que no exercício da Dança se unem e se complementam.

Qualquer que seja a vivência pessoal da pessoa enquanto dança, religiosa ou não, o experienciar dos movimentos da Dança do Ventre, é capaz de promover uma interiorização de sentimentos, uma maior consciência de si e do seu corpo, resultando em benefícios como melhora da autoestima e das relações com o outro e com o mundo. Assemelha-se à uma terapia, na medida que possibilita um caminho para o bem-estar do indivíduo.

De forma geral a Dança do Ventre é uma atividade artística, muito relacionada às mulheres e aos aspectos femininos de beleza e delicadeza, é uma atividade física benéfica e prazerosa que vai além do dançar pela plasticidade da dança. É intrínseco à Dança do Ventre o caráter terapêutico, assim como é de sua essência a entrega aos sentimentos elevados de contato com o que seja divino bem como com o prazer e felicidade em estar no mundo. Ela promove satisfação, física, emocional e espiritual.

O tema da pesquisa foi impulsionado pela hesitação no entendimento dos dois aspectos relacionados à Dança do Ventre, a dualidade sagrada e profana, e o modo como a vivência da dança em qualquer dessas condições, isoladamente ou em conjunto, contribui para o benefício de quem a pratica.
O trabalho busca traçar o caminho da dança do ventre, procurando compreender a relação de sua origem e transformações no decorrer da história, transitado entre uma vivência ora de espiritualidade sagrada ora de conexão com o mundo e seus prazeres, considerando ainda que sua pratica, em qualquer configuração, mostra-se como uma ferramenta terapêutica, na medida que promove o bem-estar físico e emocional de quem a pratica.

Baseada em estudos acadêmicos que abrangem a história da dança, a religiosidade e evoluções das sociedades dos primórdios da humanidade até os dias de hoje, além de teorias da personalidade e modalidades terapêuticas, a pesquisa não pretende esgotar o tema, mas refletir sobre a potencialidade da Dança do Ventre como apoio no processo terapêutico, devendo ser pensada e estudada por psicólogos no intuito de favorecer seu trabalho. Não obstante, pode ser útil também para professores, praticantes e amantes da dança do ventre, no sentido que abraça seus aspectos opostos e procura relaciona-los com os resultados percebidos no decorrer da experiência pratica de quem a vivencia.

DESENVOLVIMENTO
A dança, desde a pré-história, faz parte da vida do homem, é possível compreendê-la, na verdade, como inseparável da espécie humana. Em inúmeras culturas, a dança foi associada à espiritualidade, sendo uma forma de favorecer o contato com os deuses.

Por definição, sagrado1 é o que se relaciona, é inerente ou dedicado a Deus, a uma divindade, religião, culto ou rito; sacro, santo; que não se pode ou não se deve deixar de cumprir; que, pelas suas qualidades, merece respeito profundo e veneração absoluta. Nos primórdios da civilização tudo era sagrado, ligado a divindades que protegiam os homens nas caçadas, guerras e colheitas. O destino dos homens estava então nas mãos dos deuses que regulavam a vida e a natureza, sua transformação somente poderia se concretizar a partir do respeito e devoção humanos.

As figuras nas paredes das cavernas parecem revelar costumes dos povos antigos como a caça e alimentação, bem como rituais religiosos onde movimentos dançantes estariam representados. Nesse contexto, a dança pode ter sido o meio de se buscar a concretização do poder sobrenatural, era o rito utilizado para se obter o benefício divino.

Sabe-se que muitos povos realizam suas cerimônias, quer sejam elas fúnebres, iniciáticas ou associadas às atividades cotidianas, como a caça ou colheitas, através de danças.
Na Índia, durante muitos séculos, as devadasis (escravas/servas de Deus) eram mulheres a serviço dos templos e que, dentre outros atributos, deveriam ser exímias dançarinas, pois a dança era vista como um tipo de adoração.

No México pré-hispânico, a cultura náhuatl (tolteca-asteca) acreditava que somente a poesia e a beleza poderiam entrar em comunhão e comunicação com o divino. Sua religiosidade expressava-se através de sacrifícios, mas também de cantos, danças e festas.

Para os Guaranis, Nhanderú, uma divindade guarani, ensinou a dança e mandou dançar a dança. A dança–rito, para os Guaranis, coloca o corpo e o espírito em movimento num espaço de não rigidez, dentro de uma indissociável relação entre drama e sagrado. Para esse povo existe vida na Terra porque eles a estão cuidando, e este cuidar passa pela tríade: cantar, rezar e dançar.

A dança também está associada aos antigos rituais de fertilidade, quando as mulheres dançavam para receber a força da Grande Mãe, Lucy Penna2 relata que as danças rituais e sagradas davam à mulher condições de se identificar com a deusa, adquirindo força para enfrentar seus medos, criar filhos e reeditar as origens do universo.

Com o passar do tempo a sociedade sagrada foi assumindo valores diferenciados, promovendo transformações que levaram a uma ruptura da universalidade do sagrado em prol do profano das novas organizações sociais que surgiam. O profano passou a assumir o lugar que antes era do sagrado.


Mas o que é profano? 
Sua definição no dicionário diz que é avesso às coisas religiosas; não pertencente ao meio sagrado; não monástico; que se revela mundano; quem não é iniciado em certos conhecimentos; desrespeitoso no que respeito às crenças religiosas; indivíduo alheio a crenças, seitas ou religião.

A dança acompanhou o processo de transformação das sociedades primitivas e sua condição sagrada cedeu espaço ao profano. Passou a ser vista em espaços diferenciados, como em momentos de lazer dos indivíduos, sendo praticada no mundo fora dos templos, desse modo não pertencendo mais ao meio sagrado e sim ao mundo e às relações do homem consigo e com seu próximo.

Enquanto profana, a dança acontecia a partir da participação do indivíduo com um dado grupo, quer fosse étnico ou cultural, a dança era o caminho para estabelecer uma relação de comunhão ou até sedução, com o próximo.

Ocorre que com o passar dos anos e evolução das sociedades, interpretações foram feitas acerca do sagrado e profano. O primeiro era compreendido como um ideal sublime enquanto que profano seria o oposto, aquilo afastado para as sombras do inconsciente. A ideia do sagrado termina onde se inicia a ideia do profano.

Grande parte desse pensamento que opõe sagrado e profano na dança, coincide com o início e difusão do cristianismo. As sociedades que antes eram matriarcais tinham seu espaço, manifestações - aí incluída a dança – e crenças sagradas, mas passaram a ser consideradas pagãs pelos povos invasores e dominantes que, carregando sua própria fé, entendiam os antigos rituais como profanos e até mesmo bárbaros.

Nesse contexto de dança pagã, uma passagem da Bíblia é especialmente remetida à Dança do Ventre, muito embora não tenha sido expressado no Livro Sagrado que se tratava especificamente dessa dança, são dois relatos contando o mesmo acontecimento que termina tragicamente, perpetuando uma alusão de que a prática da Dança do Ventre corresponderia a um pecado grave, a um grande mal.

“6 Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
7 pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
8.E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
9 Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
10 e mandou degolar a João no cárcere;
11 e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.”(BÍBLIA, Mateus, 14, 6:11)

“17 Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela.
18 Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
19 Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria mata-lo, mas não podia;
20 porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava.
21 Chegando, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia,
22 entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
23 E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
24. Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista.
25 E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista.
26 Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar.
27 O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere;
28 e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.” (BÍBLIA, Marcos, 6, 17:21)


A filha de Herodias, era Salomé, seu nome sequer é mencionado na Bíblia, aparece pela primeira vez na obra Antiguidades Judaicas de Flavio Josefo, historiador judeu que teria vivido no primeiro século de nossa era, nesse livro há um registro da árvore genealógica de Herodes, no qual Salomé é citada como filha de Herodias com Herodes Felipe.

Contudo, esse episódio Bíblico, fez de Salomé um mito, muito embora quem instigou o trágico desfecho da passagem tenha sido sua mãe, foi Salomé quem se transformou na personificação da sedução proibida e isso através de sua dança, que ganhou uma conotação perigosa e lasciva.

Supõem-se que a dança que Salomé apresentou e tanto agradou a Herodes tenha sido a Dança do Ventre por associação às danças praticadas naquele período. Historiadores registram que os povos considerados pagãos, que não compartilhavam das normas do Antigo Testamento, dançavam a Dança Mundana, identificada por práticas que envolviam giros, rodopios, saltos e alegria, eram consideradas quase sexuais e infames, sobretudo praticada pelas dançarinas núbias e egípcias, que dançavam envoltas em tecidos leves e transparentes. Há que se considerar que essas danças podem ter sido as precursoras do que conhecemos hoje como Dança do Ventre e que pode sim, ter sido a dança que Salomé dançou, ou não. O que restou foi a conclusão transmitida através da história pelos cristãos de que a Dança, nesse caso, muito especificamente a Dança do Ventre era algo perigoso.

Salomé e sua dança exerceram tanto fascínio, apesar e por causa do desfecho funesto da passagem Bíblica, que foi retratada nas artes, em pinturas, esculturas, peças de teatros e cinema. Oscar Wilde, famoso dramaturgo inglês, escreveu em 1892 a peça Salomé, mais famosa obra que retrata a personagem, encenada diversas vezes até chegar às versões do cinema. Foi Wilde quem inseriu os véus na dança de Salomé, contribuindo para aumentar o mistério e sensualidade da dança e associá-la também à Dança dos Sete Véus.

Tantas representações de Salomé, sempre caracterizada por mistério e sensualidade, agregada também ao apelo lascivo e luxurioso de sua dança, habitou o pensamento popular - em certo grau, habita até os dias de hoje - e estabeleceu uma crença de que a Dança, supostamente do Ventre, servia para o mesmo propósito, seduzir, obter prazer e realização de desejos.

A passagem de Salomé e consequente morte de João Batista, reforçava a crença dos cristãos de que a dança não deveria ser praticada, longe de ser considerada uma expressão artística, era a manifestação de tudo que era mundano, percebida como profana não fazia parte dos rituais da Igreja, não representava o ideal sublime de louvor a Deus, logo, não poderia ser praticada, foi convencionada como pagã e proibida.

Claro que nunca deixou de ser praticada, mesmo com a forte repressão da Igreja no século XVII, a tradição popular era forte e a dança se fazia presente em comemorações e momentos de festas, eram as danças populares e livres, que significavam comunhão porque eram dançadas em grupos, rodas ou fileiras.

Foi preciso muito tempo para que as práticas e repressões da religião vigente fossem, ao menos levemente, suprimidas. Abandonando os ideais da idade média, com o Renascimento, surgiu uma nova atitude, os valores da vida e do corpo foram novamente exaltados e a dança voltou a florescer.
Contudo, a sacralidade da dança não foi extinta, quando muito, camuflada.

“ Poderíamos dizer que a dança representa um misto de primórdio e contemporaneidade, de sagrado e profano, percebido tanto nas diferentes formas de manifestação dançante quanto no ser que experiencia tais manifestações. ” (LARA, Larissa M. 1999)

A dança pode ser profana quando o indivíduo dança para si ou para o mundo, experienciando ou expressando seu prazer em forma de movimentos e sagrada a partir da comunhão com uma força superior, um impulso capaz de levar a vivências de tempos e espaços que transcendem a própria condição humana.

Existe, portanto, uma ligação entre as duas condições relacionadas à dança, qual seja, o ser que dança. É o homem que em sua manifestação física concede à dança a característica de rito sagrado ou rito social.

“ Ambas as modalidades de dança (sagrada ou profana) e ambas as formas de manifestação do ser que dança (comportamento sagrado ou profano), consolidam necessidades prementes do ser humano. Não constituem novas fragmentações, mas buscam interagir seus paradoxos. A ludicidade, a sedução/conquista, a atitude objetivante, o cultural, são tão necessários quanto a sacralidade, a transcendência, a atemporalidade e a repetição gestual. Não há como negar tais relações;(...) ” (LARA, Larissa M. 1999)

Tanto a dança sagrada quanto a dança profana, evidenciam a necessidade de relação do homem com sua própria interioridade, com deuses, com ancestralidade e transcendência, bem como a necessidade de contato com outras pessoas, de sedução/conquista além do lúdico. São então complementares.

“ Na dança, a expressão corporal em sua dimensão objetiva, concreta, física, senso-perceptiva, sempre inseparável da subjetividade, das emoções, sentimentos, memória, encontra terreno fértil para se expandir ainda mais e expressar o coletivo, o universo mítico, as tradições folclóricas, religiosas, ou ainda os ritos associados a situações existenciais ou de iniciação. Unindo o físico, o emocional e o espiritual, a dança propicia uma vivência de totalidade. “ (GUERRA, Maria H. M., 2017)

Compreendendo que a dança de modo geral tem seu caráter sagrado, mas também profano, conclui-se que a Dança do Ventre também transita por ambos conceitos.

Na antiguidade, quando a terra era cultuada por ser fonte de alimento, o mistério que envolvia a criação era personificado na figura do feminino e os cultos eram em homenagem à Deusa que, para os antigos, era quem alimentava a terra tornando-a fértil. A mulher e seu ventre eram também considerados como sagrados, já que ela era capaz de gerar vida, assim como a terra gerava o alimento.

Nesse período, onde registros pré-históricos datam cerca de 3500 a.C., nos rituais à Deusa, as sacerdotisas expunham seus ventres sagrados fazendo-os dançar, vibrar e ondular. Era a forma de garantir prosperidade e fertilidade para a terra e para as mulheres. Aqui já é possível perceber um rudimento da Dança do Ventre, intimamente ligada à Deusa, à Grande-Mãe, relacionada criação, ao nascimento, à fertilidade, aquilo que é puro e sagrado.

Segundo Lucy Penna os frutos da Grande-Mãe eram a prole abundante e a terra generosa, o que contribuía para reverenciar a mulher-boa-paridora. As mulheres se preparavam para afastar os perigos que envolviam a gestação e o parto treinado a dança à Grande-Mãe, objetivando trazer à vida filhos saudáveis. Era permitido às mulheres oferecer-se à Deusa e dançar para ela. Para essas mulheres e para a sociedade antiga como um todo, cantar, dançar e rezar não eram atividades separadas, tudo era pertencente ao sagrado.

“ Pois bem, dançando como movimentos eróticos, que insinuavam a fecundação, no ambiente de alegria e prazer, essas jovens de seis mil anos atrás realizavam seu treino físico e psicológico para o desempenho das funções sexuais e maternais. O cheiro dos incensos, o ritmo acelerado dos tambores e a exuberância dos movimentos são estímulos fisiopsíquicos intensos, que podem levar a um estado de transe. Em condições assim ocorre a soltura das barreiras conscientes do pensamento, favorecendo o contato com a dinâmica interna. Dessa maneira buscava-se ativar o arquétipo inerente a todos e evocar a luminosa imagem interna da Mãe.” (PENNA, Lucy. 1993)

Contudo, a Dança do Ventre, assim como a dança de modo geral, passou por transformações no decorrer da história e deixou de ser praticada apenas em templos e rituais sagrados, passou a ser executada também nas ruas e palácios, em caráter comemorativo ou de entretenimento, remetendo-a também ao profano.

A Dança do Ventre, porém tem o poder de unir o sagrado ao profano, porque possui em sua essência uma sensualidade intensa que seduz pela própria natureza, herança dos cultos à Deusa, à Grande-Mãe e, ao mesmo tempo, é uma dança envolta por uma aura que traz a ideia da sublimação e do feminino intocável.

Relembrando o pensamento de Guerra 5 de que a dança tem a capacidade de proporcionar uma vivência de totalidade uma vez que une aspectos físicos, emocionais e espirituais logo, a Dança do Ventre, que por sua vez promove uma ligação entre o sagrado e o profano, possui benefícios que vão além da prática de uma atividade física ou expressão artística. Existe também um potencial terapêutico na medida que quem a pratica tem a possibilidade de se conectar com seus aspectos divinos, remete ao resgate dos atributos da Deusa, o contato com o sublime, ao mesmo tempo que promove uma consciência do próprio corpo, reencontro e aceitação de si, proporcionando uma melhor adequação nas relações interpessoais. A Dança do Ventre pode ser então, facilitadora do processo de cura.

A prática da Dança do Ventre não é, entretanto, uma modalidade terapêutica como é a psicanálise por exemplo, vários estudos acadêmicos, porém, têm se prestado a estudar a atividade como ferramenta terapêutica, já que o relato de grande maioria de praticantes da Dança do Ventre, demonstra que benefícios obtidos através de sua prática são condizentes com resultados psicoterapêuticos.
Como ferramenta terapêutica, a Dança do Ventre seria um apoio, um meio através do qual poder-se-ia construir o processo de busca de soluções, que é, em última análise, o resultado esperado das terapias em linhas gerais, a resolução de conflitos internos do indivíduo.

Revendo a história da Dança do Ventre, suas origens nos rituais sagrados e sua intensa e focalizada prática de movimentos corporais, podemos destacar duas linhas da psicoterapia especialmente relevantes para seu entendimento enquanto ferramenta de apoio e auxílio terapêutico.

A primeira, segue a linha da teoria junguiana, Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica. A análise de Jung sobre a natureza humana inclui investigações acerca de religiões orientais, alquimia, parapsicologia e mitologia. Jung propôs e desenvolveu conceitos como de personalidade extrovertida e introvertida, arquétipo e inconsciente coletivo.

Para traçar um paralelo entre a psicologia analítica e a Dança do Ventre, dois conceitos junguianos são muito importantes, os arquétipos e o inconsciente coletivo.

O inconsciente coletivo é descrito por Jung como uma herança psicológica, que se soma a herança genética, ambas determinantes do comportamento e da experiência humanas. O inconsciente coletivo inclui materiais psíquicos que não provém da experiência pessoal, a mente humana desde o nascimento já possui uma estrutura que molda e canaliza todo posterior desenvolvimento e interação com o ambiente.

Nossa mente inconsciente, assim como nosso corpo, é um depositário de relíquias do passado. “ (Jung, 1968 em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986 )

“ Ele (o inconsciente coletivo) é mais parecido com uma atmosfera na qual vivemos do que algo que se encontra dentro de nós. É simplesmente a quantidade desconhecida no mundo. ” (Jung, 1973 em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986)

Dentro do inconsciente coletivo existem “estruturas” psíquicas ou arquétipos. Frequentemente os arquétipos correspondem a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Jung chama os arquétipos também de imagens primordiais.

“ Primordial significa primeiro ou original, uma imagem primordial refere-se ao mais primitivo desenvolvimento da psique. O homem herda essas imagens de seu passado ancestral, um passado que inclui todos os seus ancestrais humanos, assim como seus ancestrais pré-humanos ou animais. ” (Jung, 1973 em em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986)

Exemplos de figuras arquetípicas incluem a criança divina, o duplo, o sábio, a grande mãe. São consideradas imagens arquetípicas também a prostituta sagrada, a odalisca, a serpente, a bailarina, imagens que carregam uma história característica anterior à nossa própria individualidade, mas que se fazem presentes em nossa mente.

A Psicoterapia Analítica de Jung, busca levar a pessoa ao autodesenvolvimento, no sentido de chegar à individualização que é o processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade.

“ Individualização (...), significa, precisamente, a melhor e mais completa realização das qualidades coletivas do ser humano. “ (Jung, 1928 em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986)

Esse processo (individualização) inclui o desenvolvimento do eixo ego-self (o “eu” consciente – como me reconheço no mundo), além da integração de várias partes da
psique, o que inclui os arquétipos inconscientes. Quando se tornam individualizados, esses arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.

“ Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do autoconhecimento, atuando, consequentemente, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contra tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo. ” (Jung, 1928 em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986)

Recordando os aspectos sagrados da Dança do Ventre que está ligada ao arquétipo da Grande Deusa-Mãe, relacionado à criação, à fertilidade, ao que é divino. As pessoas que praticam essa dança, entram em uma espécie de viagem interior, onde ganham contato com vários símbolos, emoções e sensações ainda não experimentas ou fortemente reprimidas.

Os símbolos encontrados pelos praticantes quando passam a vivenciar a Dança do Ventre são intraduzíveis de maneira consciente, são os arquétipos postulados por Jung que, entendidos pelo subconsciente, são interpretados pelos movimentos do corpo que dança.

Além da magia e elegância que envolvem a Dança do Ventre, está o trabalho corporal e psicológico que ela exerce sobre quem a pratica, de maneira consciente ou inconsciente, ela contribui para a elevação da autoestima, dando-lhe maior confiança.

Vários estudos realizados nessa área apontam para resultados similares: a pessoa praticante da Dança do Ventre percebe-se mais segura de si, mais bela e mais sensual depois de algum tempo de vivência. Ocorre uma intensificação do relacionamento consigo mesma e, por conseguinte, com o parceiro ou grupo com o qual mantem interações. Uma vez que o trabalho da Dança do Ventre alcança estruturas inconscientes muito profundas (o inconsciente coletivo) através da ativação do arquétipo da Deusa, remete à pratica sagrada da Dança, a pessoa sente-se preenchida por sentimentos positivos de alegria, amor, autorrealização, sensualidade – todos eles atributos da Deusa que por séculos foram reprimidos.

Desse modo, a Dança do Ventre é claramente uma ferramenta que facilita o processo de individualização, proposto pela psicoterapia analítica, ao praticar a Dança do Ventre a pessoa sente-se caminhando em direção à totalidade de seu ser.
Pensando sobre os aspectos considerados profanos da Dança do Ventre, ao que é ligado ao corpo, a expressão de sensualidade, o contato com o mundo e relacionamentos com o outro, a Psicologia Corporal é outra modalidade terapêutica com para qual a Dança do Ventre poderia contribuir.

A Psicologia do Corpo foi fundada por Wilhelm Reich médico, psicanalista e cientista natural, austro-húngaro, Reich enfatizava a importância de lidar-se com os aspectos físicos do caráter de um indivíduo, em especial os modelos de tensão muscular crônica, que ele chamou de couraça muscular. Ele era também particularmente interessado no papel que a sociedade desempenha na criação de inibições dos instintos – em particular os sexuais – do indivíduo.

Dentre vários conceitos postulados por Reich em sua teoria da personalidade, no que concerne à Dança do Ventre, podemos destacar dois, a couraça e a perda da couraça muscular.

Reich entendia que o caráter se forma como uma defesa contra a ansiedade criada pelos intensos sentimentos desde a primeira infância e o consequente medo da punição. A repressão seria então e primeira defesa contra o medo e que refreia os primeiros impulsos e, à medida que as defesas do ego (instância da consciência – aquilo que compreendemos como real) tornam-se cronicamente ativas e automáticas, elas evoluem para traços ou couraça caracterológica.

“ O estabelecimento de um traço de caráter (...) indica a solução de um problema de repressão: ou ele torna o processo de repressão desnecessário ou transforma a repressão, uma vez estabelecida, numa formação relativamente rígida e aceita pelo ego. ” (Reich, 1949 em FADIMAN, James; FRAGER, Robert, 1986).

Para cada atitude de caráter Reich descobriu uma atitude física correspondente e que o caráter do indivíduo é expresso no corpo em termos de rigidez muscular ou couraça muscular. Ele passou então a trabalhar ativamente e de forma direta no relaxamento da couraça muscular, compreendeu que a perda da couraça muscular libertava considerável energia libidinal e auxiliava no processo da psicanálise. Ele passou então a lidar cada vez mais com a libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho com corpo.

Conclui-se que a couraça muscular tem direta ligação com o trauma, que pode ser definido como qualquer experiência que traz uma sobrecarga ao mecanismo normal de suportar dificuldades. Quando a pessoa passa por uma situação de sobrecarga emocional, seu organismo institivamente se protege, criando mecanismos de defesa físicos e psicológicos.

O corpo percebe o perigo com sentimento de medo, os músculos do corpo se contraem a fim de protege-lo de um possível ataque que poderia causar a morte. A socialização do indivíduo contribui para sucessíveis traumas no decorrer de sua vida, isso faz com que os músculos envolvidos no processo de “fechamento do corpo” percam a capacidade de se relaxarem novamente, assim, mesmo quando o perigo passa a musculatura ainda permanece em seu estado de tensão de defesa. É esta tensão muscular que se faz presente na postura, física e emocional, natural da pessoa.

Reich mapeou a couraça pelo corpo, conceituando que é composta por 7 segmentos, os olhos, a boca, o pescoço, o tórax, o diafragma, o abdômen e a pélvis. A terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pélvis, utilizando como instrumentos principais para dissolver a couraça desde a respiração profunda, até o ataque direto dos músculos cronicamente tensos.

O trabalho de relaxamento dos seguimentos da couraça leva o indivíduo à autorregulação que, segundo Reich, trata-se de uma relação da pessoa com seu eu profundo, seu corpo, seu ritmo e sua energia. Este contato íntimo consigo mesmo permite que o indivíduo consiga desenvolver uma capacidade natural de viver e manifestar-se com prazer.

Cada segmento da couraça, de acordo com a teoria reichiana, é uma unidade mais ou menos independente com a qual se precisa lidar separadamente. Aqui já cabe um paralelo com a prática da Dança do Ventre que, através do isolamento de partes do corpo, promove a consciência corporal da pessoa que a pratica e, a consciência corporal, nessa linha de terapia, intervém na autorregulação e superação de traumas.

A terapia corporal entende que as emoções não estão presentes unicamente em nossa mente, mas que elas deixam marcas profundas, nos músculos, articulações e em toda nossa estrutura enquanto ser humano. A Dança do Ventre é então um excelente começo para retornar o contato com o próprio corpo.

A Dança do ventre trabalha especialmente a dissociação, flexibilização e conscientização do corpo, dentro da dança é possível reconhecer cada segmento da couraça, através da dissociação que é necessária durante o processo de aprendizado. Alguns tipos como: dissociar cabeça, braços, tronco, quadril.

A Dança do Ventre é um método, uma técnica que possibilita a pessoa praticante explorar seu corpo e autorregular-se, gerando reflexão e introspecção, para que assim possa alcançar uma reconstrução mais equilibrada de si mesma, livre de tensões e sobrecargas. É a possibilidade de livrar-se de traumas do dia-a-dia sem a necessidade de recorrer a meios agressivos, como medicações.

“ Expressar-se pela arte, no caso, a dança, é uma das maiores dádivas que o corpo consegue manifestar. Falar com os olhos, mãos, pés, tronco é falar direto ao coração de quem vê e de quem faz. Na dança é preciso demonstrar emoção. Por isso é necessário aprender a senti-la e experimentá-la com seu próprio corpo. ” (Moro, 2004)

Estudiosos defendem que tanto a Terapia Corporal como a Dança do Ventre possuem um objetivo em comum, propiciar ao ser humano o sentimento de sentir-se vivo, sentir a energia da vida fluindo por todo corpo. Ambas possibilitam o contato direto com a energia vital, ou seja, a libido, e permitem que essa circulação de energia possa acontecer mesmo com a existência das couraças que poderão ser flexibilizadas para uma melhor interação com seu meio.

Em seu Trabalho de Conclusão de Curso, O resgate do feminino através da Dança do Ventre: uma forma de ser e estar no mundo, 2008, Viviane E. M Braga, entrevistou mulheres praticantes da Dança e ao final questionou o que a Dança do Ventre significava pessoalmente para cada uma das participantes da pesquisa, um relato em especial, reproduzido a seguir, resumiu de forma importante o sentimento quase unanime das entrevistadas, ilustrando de maneira muito precisa o quão benéfica se percebe a Dança do Ventre em suas vidas.

“ Dançar significa para mim a expressão da alma, quando danço é como, expressar com meu corpo o que não consigo dizer. A feminilidade à flor da pele, a sensação de liberdade é indescritível, ou mesmo difícil de expressar em palavras o que sinto, o enigma, a força e leveza dos movimentos. São sentimentos que todas as mulheres, deveriam dar a si mesmas. Quando observamos movimentos da dança a primeira coisa que nos vem à cabeça, é que é muito difícil e que não iremos conseguir. Mas quando o realizamos pela primeira vez chega a ser encantador. Então, a primeira sensação, é de poder, e achar que todos os desafios puderam ser alcançados. A Dança eleva a autoestima, fortalece nosso ego, nos proporciona encontros internos e externos, consigo mesmo e com pessoas. Dançar e ter a sensação de que ser mulher é viver sem medos, sem culpas e sem barreiras, é ter a sensação de amar e ser amada, de se valorizar e ser valorizada. ” (Resposta retirada da amostra pesquisada. BRAGA, 2008)

Ainda em relação as mudanças relatadas por quem pratica a Dança do Ventre, as pesquisadoras Oliveira, Marques e Souto (2015, p. 85-92) 6, na análise dos dados de seu trabalho publicaram um resumo dos conteúdos expostos pelas mulheres entrevistadas sobre suas próprias percepções após a prática da Dança do Ventre. Reproduzido a seguir, o quadro demonstra, novamente na visão e sentimento de quem realiza a atividade, uma vasta indicação de fatores benéficos para sua vida em âmbito geral.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender que a sabedoria dos antigos está presente em nossa vida até os dias atuais, é confortador. Está transformada? Sim. Atualizada? Certamente, mas sem dúvida, presente. Está nos arquétipos, no inconsciente coletivo, nas vivências físicas e emocionais. Ainda mais precioso é saber que uma expressão artística vem, desde os primórdios da humanidade, contribuindo para a perpetuar a comunhão do homem com sua fé, seu mundo interior e exterior. Na Dança do Ventre é possível ver o cumprimento desse papel, de carregar a herança histórica e transformar a realidade atual Movendo-se entre o sagrado e o profano a Dança do Ventre não promete somente uma apresentação bonita aos olhos de quem vê, mas promove o reencontro, tanto da plateia como também e principalmente, daquele ser que dança, com a sabedoria ancestral, a liberdade de se permitir reverenciar o que é divino e o que é terreno.

Não há limite ou restrição para as sensações, se na Dança do Ventre os opostos sagrado e profano se unem, não há mais dualidade, tornam-se sem valor as dicotomias bonito-feio, magro-gordo, alto-baixo, certo-errado, entre tantas outras, cessam as repressões sociais e culturais, o ser dança porque tem um corpo e se move. E quando a pessoa se move, construindo a Dança do Ventre, reconstrói a si mesma, utilizando os passos característicos da arte, que favorecem o sentir do próprio corpo, sua consciência e possibilidades, pode reconectar-se com os elementos da Deusa dos primórdios ou romper padrões de comportamento que impedem a fluência saudável da energia vital.

A Dança do Ventre é intimamente ligada à beleza, à sedução, possui uma conotação de mistério e magia, é extremamente rica em possibilidades de expressão, quando pensada fora do contexto pecado, proibido ou vulgar, é propulsora de uma rara capacidade de libertação pessoal, na medida que permite a quem a pratica a externalização de sentimentos reprimidos.

É inequívoca a conclusão de que a Dança do Ventre é também uma prática que favorece o processo de individualização ou autorregulação, como queiram chamar as modalidades terapêuticas, provando que ela merece ser vista, estudada, praticada e aplicada em conjunto com as terapias formais, é claramente uma ferramenta terapêutica valiosa e prazerosa, mais que isto, é uma prática que deve ser difundida, dada sua fantástica contribuição à melhora da qualidade de vida das pessoas

REFERÊNCIAS
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BRAGA, Viviane E.M. O RESGATE DO FEMININO ATRAVÉS DA DANÇA DO VENTRE: UMA FORMA DE SER E ESTAR NO MUNDO, 3ª Jornada Científica Universidade Cidade de São Paulo – Unicid, SP, 2008.
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